Texto: Jornal Agito de Ubatuba - Editorial de 05/07/2013
A reforma política deve vingar de fato e não ser apenas um elemento de
distração para conter o povão. Por conta das várias manifestações das
últimas semanas, foi aventada pela presidente Dilma a possibilidade de
um plebiscito para a tão esperada e polêmica reforma política no país.
Independente da forma como venha a dar-se a consulta, a impressão que
fica é que as decisões são tomadas a “toque de caixa”, somente quando a
classe política se vê pressionada é que faz alguma coisa.
Plebiscito e
Referendo são coisas da democracia indireta, que pressupõe o povo numa
condição subalterna, incapaz de discutir e decidir seu próprio destino
sem representantes. Plebiscito, aliás, deriva do vocábulo plebe:
substantivo que designa a classe subalterna. Os plebeus romanos
geralmente só decidiam questões irrelevantes, exatamente como ocorre
hoje no Brasil. A diferença é que os brasileiros não são plebeus, mas
cidadãos, e não deveriam ser tratados como tal pelos seus representantes
no Parlamento, coisa que tem ocorrido há muito tempo. A iniciativa do
plebiscito, tal como está sendo colocada é mera manobra, destinada a
encobrir a incapacidade do governo de responder às cobranças dos
brasileiros, criando subterfúgio para deslocar a discussão dos problemas
reais do país.
Além do gasto desnecessário de aproximadamente
quinhentos milhões de reais, tudo isso se dá enquanto agrava o cenário
econômico, o pífio crescimento do PIB e acelerada perda de credibilidade
dos governos aos olhos dos brasileiros. Se tivesse de fato, desejado
tratar com seriedade esta importante matéria, a presidenta já teria,
nesses dois anos e meio, manifestado à nação a sua proposta para o
aperfeiçoamento do sistema partidário, eleitoral e político brasileiro.
Os problemas e anseios que os brasileiros têm manifestado nas ruas, de
forma democrática e pacífica, são medidas práticas e factíveis de
curtíssimo prazo, nos campos do imprescindível combate à corrupção,
ampliação da transparência na área pública e fortalecimento das
políticas de saúde, segurança, educação e infraestrutura. E não
plebiscito ou referendo. Até quando eles vão enganar o povão???
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