Fonte: AMARRIBO Brasil
A corrupção é um dos grandes males que destrói a vida social e
desqualifica o poder público em nosso século, de qualquer modo que se
apresente. É uma das causas decisivas da carência dos serviços públicos
essenciais, da pobreza de muitos municípios e razão da penúria
financeira de cidades e da miséria permanente de muitos países, como o
Brasil.
A corrupção corrói a dignidade do cidadão, deteriora o convívio social,
contamina os indivíduos e compromete a vida das gerações atuais e
futuras. Isso ocorre quando boa parte dos impostos pagos pelos cidadãos
são apropriados por pessoas que muitas vezes são pagas para defender o
interesse público. Para se protegerem, os indivíduos isolam-se nos seus
interesses particulares e a desconfiança mútua rompe os laços de
solidariedade social. Opor-se à corrupção é, pois, um dever de quem
acredita na capacidade de se construir uma vida digna. Aceitar a
corrupção é deixar-se corromper por ela.
A AMARRIBO Brasil, representante da Transparência Internacional no
país, e autora do livro “O Combate à Corrupção nas Prefeituras do
Brasil”, possui 15 anos de luta contra a corrupção e conhece com
propriedade a realidade brasileira. O Índice de Percepção da Corrupção,
da Transparência Internacional, coloca o Brasil em 72º lugar, com 42
pontos. Uma posição nada honrosa.
No Congresso Nacional, diversos deputados e senadores são alvos de
investigação por questões de desvio de dinheiro público, tráfico de
influência, dentre outros crimes. Diversos deputados foram condenados
por corrupção. O processo do Mensalão representa, apenas, a ponta do
iceberg do que ocorre no submundo da política nacional, envolvendo
diferentes partidos.
O Juiz Márlon Reis, integrante do MCCE – Movimento de Combate à
Corrupção Eleitoral – e conselheiro da AMARRIBO Brasil, retrata, com
objetividade cristalina e coragem pessoal, em seu livro “O Nobre
Deputado”, a realidade do que se passa nos bastidores da política
brasileira, contando a maneira como alguns parlamentares de várias
instâncias compram votos para os seus mandatos. A deterioração da
atividade política no país e os escândalos de corrupção têm levado a
crescente descontentamento da população e a manifestações de diversos
movimentos sociais em todo o país.
O presidente da Câmara, Deputado Henrique Eduardo Alves, rebateu a reportagem exibida domingo pelo Fantástico sobre o livro "O Nobre Deputado". O Deputado, que declara patrimônio de R$ 5,5 milhões e declarou gasto de R$ 3,3 milhões em sua campanha
que recebeu doações de empresas, nega que obras superfaturadas e
licitações ilícitas digam respeito às atividades do Congresso Nacional, e
disse que a Câmara vai enviar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma representação contra o juiz Márlon Reis.
A atitude do Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, também
investigado pelo Ministério Público, de atacar o Juiz Márlon, por ter
dado um alerta à nação sobre a exacerbação do problema da corrupção, e
fazer uma defesa patética do parlamento é lamentável. Ao invés de buscar
enfrentar o problema, Henrique Alves age corporativamente para defender
o indefensável.
Cerca de metade dos nobres congressistas tem pendências criminais. Pouco menos de 300 parlamentares, de um total de 594, respondem a inquérito ou ação penal no Supremo, segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O livro do Juiz Marlon Reis é um grito de alerta para todos, e um
atitude patriótica de defesa do país. Retrata a realidade do país que
prejudica a eleição dos honestos e favorece quem conquista mandatos pelo
poder econômico, inclusive pela compra de votos, e reafirma e promove a
democracia ao levantar um grito contra a corrupção. É esta que
desacredita as instituições e diminui a credibilidade da atividade
política.
Recentemente o Supremo Tribunal Federal deu a maioria de votos pela
inconstitucionalidade das doações de empresas, em ação de
inconstitucionalidade movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e
o julgamento foi interrompido pelo pedido de vista do ministro Gilmar
Mendes. O Brasil precisa a dignificar a ética e a integridade na
política, e denunciar a corrupção, que pode ameaçar a democracia.
Infelizmente, o Presidente da Câmara adota uma via jurídica,
insustentável política e eticamente.
Márlon Reis, que trabalha para reunir 1,6 milhão de assinaturas (1% do
eleitorado) para apresentar Projeto de Iniciativa Popular de Reforma
Política, com propostas como a proibição do financiamento empresarial de
campanha e eleições legislativas em dois turnos, teve coragem de
denunciar uma realidade presente na política brasileira. É preciso mudar
o sistema eleitoral, exatamente pela realidade que o livro “O Nobre
Deputado” retrata. É necessária uma verdadeira reforma política que
favoreça a eleição de pessoas com espírito público e não com interesses
privados de empresas que financiam campanhas. A AMARRIBO Brasil apoia à
ação do Juiz Márlon Reis, a publicação de seu livro e o serviço prestado
à sociedade brasileira.
AMARRIBO BRASIL
Se posicionam ao lado da AMARRIBO Brasil e assinam esta carta aberta as seguintes organizações e cidadãos:
• Ação Cearense de Combate a Corrupção e a Impunidade (CE)
• Alerta Antonina (CE)
• AMAPIRA - Piracicaba (SP)
• AMASA - Analândia (SP)
• Ativa Búzios (RJ)
• Bauru Transparente - BATRA (SP)
• Força Tarefa Popular (PI)
• Fórum da Cidadania de Santos (SP)
• GUARÁ - Águas da Prata (SP)
• Instituto Soma Brasil (PB)
• Mães em Luta Pelo Brasil (SP)
• Movimento de Olho na Justiça - MOJUS (DF)
• Movimento Voto Consciente (SP)
• Movimento Voto Consciente Fortaleza (CE)
• Observatório Social de Mandaguari - ADAMA (PR)
• Observatório Social de Niterói (RJ)
• Oficina da Cidadania (PB)
• Ongue de Olho em São Sebastião (AL)
• Pensamento Nacional das Bases Empresariais - PNBE (SP)
• Transparência Mirassol (SP)
• Verdade e Justiça Ibaté (SP)
Organizações interessadas em declarar seu apoio ao trabalho do Juiz
Márlon Reis e assinar essa nota devem escrever para
amarribo@amarribo.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário