Robertson Martins anunciou o fechamento da cantina do hospital e segundo relatos, tem criado diversas situações para impedir o trabalho dos voluntários da Santa Casa
Como se não bastasse a situação periclitante em que se encontra nossa Santa Casa, já relatada por nosso jornal diversas vezes, como a falta de médicos, de medicamentos, horas de espera para atendimento no pronto-socorro, relatos de casos de óbito por erro médico, entre outros, o Jornal Costa Azul recebeu essa semana mais uma denúncia contra o atual provedor da entidade, Robertson Martins.
De acordo com duas voluntárias que atuam na Santa Casa de Ubatuba, o provedor vem desde janeiro tendo diversas atitudes que podem ser caracterizadas como assédio moral, na tentativa de impedir o trabalho por elas realizado à frente da cantina que atende funcionários e visitantes do hospital. Nesta semana, após reunião realizada entre a provedoria do hospital e alguns vereadores, as voluntárias foram surpreendidas com a notícia de que a cantina será fechada. Notícia essa confirmada por ofício encaminhado por Robertson Martins à Câmara Municipal e lido durante a última sessão.
“Faz nove meses que estamos sofrendo dentro daquela Santa Casa”, conta Ligia Benedito de Arruda, que atua como voluntária no hospital há 16 anos. “Só queremos trabalhar com tranquilidade e liberdade como aconteceu com todos os outros prefeitos, que nos deixavam trabalhar sem perseguição”, acrescenta Maria de Lourdes Morais, voluntária há 9 anos na Santa Casa de Ubatuba.
Entre os casos de assédio moral que os voluntários estão sofrendo está o fato de que todos os alimentos que têm sido arrecadados através de doações terem sido descartados por ordem do provedor. “Como ele foi na tribuna da Câmara dizer que a Santa Casa precisava de doações, fizemos um cartaz e colocamos nos supermercados, mas ele mandou tirar e todo alimento que conseguíamos ele dizia que estava estragado. Por outras vezes ele busca doações conseguidas através de pedidos nossos e leva para o hospital como se fosse mérito dele”, conta indignada Dona Ligia, que se vê impedida de realizar um trabalho tão necessário dentro de um hospital com tamanhas necessidades.
Um dos fatores que mais causa revolta é relacionado às horas que o provedor passa dentro do hospital, onde diz que trabalha “voluntariamente”. O fato é que Robertson Martins é funcionário da Prefeitura de Ubatuba, recebe seu salário em dia e tem a obrigação de cumprir oito horas diárias de expediente para honrar o salário pago pelo imposto do contribuinte. Ao invés disso, Robertson passa horas no hospital a perseguir e impedir o trabalho dos voluntários, no intuito de fechar a cantina. “Não sabemos qual é o real motivo para ele querer fechar a cantina”, lamenta Maria de Lourdes.
Perseguição política
As atitudes do provedor Robertson Martins beiram o absurdo. De acordo com texto publicado no blog Ubatuba Cobra, “em Ubatuba temos um problema ainda maior, cujo nome é Robertson Martins, o qual, através do cargo e da função de provedor age de modo imoral e ilegal, assediando pessoas, desvalorizando-as e criando um clima insuportável no hospital...Abuso de poder, desrespeito aos funcionários, intervenção em áreas médicas, são apenas alguns exemplos da conduta imoral e indevida do atual provedor. A ânsia pelo poder e as demonstrações de falta de caráter e capacidade para o cargo e função de provedor parecem não terem sido suficientes e Robertson optou por seguir um caminho ainda pior, geralmente escolhido por autênticos canalhas. Demonstrando total falta de respeito à mulheres e a idosos, Robertson resolveu assediar moralmente as voluntárias da Santa Casa de Ubatuba, ameaçando fechar a cantina que foi criada e é administrada pelas mesmas”.
A cantina tem um rendimento mensal que é repassado para a administração do hospital, que teria que encaminhar o valor para as áreas mais necessitadas. “Normalmente eram comprados materiais de higiene, gás, remédios, entre outros. Agora não sabemos mais onde está sendo aplicado esse dinheiro”, contam as voluntárias.
É no mínimo incoerente que Robertson queira fechar a cantina sendo que, há poucos meses, ocupou a Tribuna Popular da Câmara de Ubatuba para mendigar trocados da população e até mesmo a doação de alimentos.
As voluntárias acreditam que tudo isso está acontecendo pelo fato de elas não serem condescendentes com os desmandos da atual administração. “Ele não gosta da gente porque não somos PT. Mas não estamos na Santa Casa por causa de nenhum prefeito. Até pedi uma parceria com o Mauricio Moromizato, mas nunca fomos atendidas. Acho que é porque eu sempre digo que se não fosse pela administração passada, hoje não existiria mais Santa Casa em Ubatuba”, conclui Dona Ligia. A reportagem recebeu ainda uma denúncia de agressão por parte do provedor contra outra voluntária, caso que será investigado e posteriormente relatado por nosso semanário.
Abaixo assinado
Está circulando um abaixo assinado contra o fechamento da cantina da Santa Casa. O abaixo assinado diz: “Na qualidade de cidadãos e usuários da Santa Casa de Ubatuba, declaramos ser solidários ao excelente trabalho realizado pelas Voluntárias do Hospital. A intenção do até então Provedor Robertson Martins consistente em fechar a Cantina do Hospital, que foi construída e é administrada pelas Voluntárias, é absurda, indevida e sem qualquer situação de fato que justifique tal medida. Somente no ano de 2012 a Cantina repassou mais de R$ 70 mil reais para a Santa Casa de Ubatuba, garantindo assim a compra de materiais e pagamento de algumas despesas do hospital.
Fechar a Cantina é um modo de impedir o trabalho das Voluntárias, afastando-as do Hospital, sendo que tal atitude significa ir contra toda e qualquer intenção de efetivamente angariar recursos para o Hospital. A Santa Casa de Ubatuba pertence à população e assim deve continuar sendo encarada e tratada. Interesses pessoais e políticos não coadunam com os interesses e com a finalidade do Hospital. De outro lado o trabalho das Voluntárias é a máxima tradução de cidadania, amor ao próximo e doação. Repudiamos toda e qualquer ação que culmine com o fechamento da Cantina e impedimento do trabalho das Voluntárias. Atitudes desse tipo são na realidade uma das formas de Assédio Moral, o qual, não pode ser admitido em hipótese alguma, principalmente quando protagonizado pelo próprio Provedor da Santa Casa de Ubatuba”.
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