Fonte: MCCE
Por Diego Abreu
Correio Braziliense (10/12/2012)
Condenados no processo do mensalão, 11 políticos ficarão até duas
décadas afastados da vida pública por força da Lei da Ficha Limpa.
Inclusive
aqueles beneficiados com o regime semiaberto ou com penas alternativas
terão de ficar longe das urnas por pelo menos 15 anos e afastados dos
partidos durante o período da condenação. O desfecho do julgamento
realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) representa uma longa
interrupção ou até o fim das carreiras políticas de figuras que já foram
protagonistas na Esplanada dos Ministérios, como o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha.
José
Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses de cadeia. Ficará atrás das
grandes por, no mínimo, 1 ano e 9 meses, caso tenha bom comportamento no
cárcere. Quando voltar às ruas, o petista amargará um longo período com
restrições políticas. Além de ficar com os direitos políticos suspensos
pelo tempo da condenação, o que o impedirá de manter uma vida
partidária no PT, ele passará mais oito anos impedido de se candidatar.
A
expectativa é de que o acórdão do julgamento do mensalão (o resultado
das decisões tomadas em plenário) seja publicado em 2013. A partir daí, a
pessoa condenada fica inelegível, conforme as regras da Lei da Ficha
Limpa que impede a candidatura de condenados por órgão colegiado pelo
tempo da pena, acrescido de mais oito anos. No caso de Dirceu, a
estimativa é de que ele fique inelegível até 2032, quando será um idoso
de 86 anos.
O deputado João Paulo Cunha
(PT-SP), por sua vez, só conquistará o direito de voltar à vida pública
em 2030, ano em que completará 72 anos de idade. Independentemente de a
decisão a ser tomada pelo STF quanto à perda do mandato e do cumprimento
ou não de uma eventual cassação pela Câmara, o petista estará impedido
de se candidatar nas eleições de 2014.
Sem vida partidária
Fundador
do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), grupo que colheu
as assinaturas necessárias para a criação da Lei da Ficha Limpa, o juiz
Marlon Reis observa que todos os 25 réus condenados na Ação Penal 470
ficarão inelegíveis, uma vez que cometeram crimes contra a administração
pública. Eles ficam com o direito político suspenso pelo mesmo período
da pena. E, mesmo havendo progressão de regime, o efeito da pena
continua. Depois do cumprimento, começa a contar o prazo de oito anos da
lei (da Ficha Limpa), detalha. Todos os condenados na AP 470 passarão
por um período bastante longo de inabilitação para apresentarem seus
nomes como candidatos, acrescenta o magistrado que atua na Justiça
Estadual do Maranhão.
Os deputados Pedro Henry
(PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) também ficarão afastados da vida
político-partidária por um longo período. O parlamentar paulista, por
exemplo, ficará inelegível até 2029, quando completará 80 anos. Já Henry
estará impedido de se candidatar até 2028, época em que terá 71 anos.
O
ministro do STF Marco Aurélio Mello lembra que a Lei da Ficha Limpa foi
aprovada pelos próprios congressistas, em 2010. Os condenados nesse
julgamento vão ficar muito tempo longe das urnas. (A lei) Foi uma opção
político-normativa dos deputados e senadores, que sabem o tanto ruim que
é para administração alguém que cometa crime contra a própria
administração, afirmou. Segundo o ministro, o prazo de inelegibilidade
estabelecido pela lei é razoável. Ele, porém, discorda da aplicação
retroativa para casos ocorridos antes de a regra ter sido publicada.
Mandatos contestados
Com
a tendência de cassar os mandatos dos três deputados condenados, o STF
retoma hoje o julgamento do mensalão. O placar está empatado. Joaquim
Barbosa manifestou-se pela perda dos mandatos e Ricardo Lewandowski para
que a palavra final seja da Câmara. Sete ministros ainda votam. Três
sinalizaram que seguem Barbosa: Luiz Fux, Gilmar Mendes e Marco Aurélio.
Falta só um voto para essa corrente prevalecer. Até agora o único que
demonstrou que acompanhará o revisor foi Dias Toffoli. Em relação a João
Paulo Cunha, o placar é de 2 a 1 pela cassação, pois o ex-ministro
Cezar Peluso votou em relação ao petista antes de se aposentar.
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