O questionamento sobre os motivos que me levam a ter uma atuação mais incisiva e constante contra alguns desmandos que ocorrem em Ubatuba tem sido uma constante. A imaginação das pessoas é bastante fértil e quando não há informação se abre espaço para a imaginação e até mesmo para a maledicência. Diferentemente do que muitos imaginam sempre tive uma postura de cobrar meus Direitos e nunca me intimidei por cargos, funções ou algum status imaginário que alguns ignorantes pensam possuir. Dentro dessa mesma linha de raciocínio não me presto a seguir ordem ou determinações sem sentido de terceiros, sejam eles quem for.
Meus pais construíram uma casa de veraneio em Ubatuba em 1981, eu e meus pais somos eleitores em Ubatuba desde 1986. Em 1988 ou 1989, quando estudava economia na FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado, assisti uma palestra do então candidato a Presidente da República Fernando Collor de Mello. Na ocasião eu e meu grupo de amigos de faculdade ficamos bastante impressionados com as idéias e ideais apresentados por Collor. Apesar de o nome de Collor sequer aparecer com destaque nas pesquisas eleitorais, eu e meus amigos acreditamos que ele seria eleito e passados dois ou três dias da palestra, meu carro e de meus amigos já estava repleto de adesivos do Collor. Cerca de duas semanas antes das eleições comecei a sentir fortes dores nas costas e pensei se tratar de uma espécie de furúnculo. Após consultar um médico foi constatado que se tratava de um cisto sacral e que eu deveria ser operado o mais rapidamente possível. As dores pioraram e eu já não conseguia mais andar, porém me recusei a efetuar a operação antes das eleições, pois não pretendia deixar de votar. Vim para Ubatuba deitado no banco de trás do carro, votei no domingo e no mesmo dia à noite fui internado no Hospital Samaritano em São Paulo.
Em dezembro de 2000 após as costumeiras festas de final de ano resolvi permanecer em Ubatuba. Na ocasião havia terminado um curso de HTML e um de Dreamweaver (cursos referentes a linguagem para edição de páginas na internet e editor de páginas para internet respectivamente). A idéia inicial era montar um site sobre Ubatuba e vender espaços para publicidade.
Como anunciantes conscientes se preocupam mais com a qualidade do público alvo do que com a quantidade de pessoas que visualizam sua propaganda, comecei a pensar sobre como selecionar o público alvo. Veio então o seguinte raciocínio: se a grande maioria dos proprietários de imóveis em Ubatuba não residem no município é de se supor que os mesmos possuam, no mínimo, duas casas. No Brasil quem possui mais de um imóvel certamente se enquadra nas definições de classe A ou B, portanto a primeira classificação havia sido feita. Restou assim a criação de um mecanismo de acessar tal público alvo. Após algum tempo cheguei a conclusão que as Associações de Bairro seriam o meio mais fácil e prático de acessar tais proprietários. Como Associações de Bairro nunca possuem dinheiro resolvi oferecer gratuitamente a confecção de páginas para internet, desde que as mesmas estivessem vinculadas ao meu site (ubatubaguia). Após conseguir a relação das pouco mais de cem associações existentes, enviei cartas e entrei em contato telefônico com cada uma delas. Para minha surpresa apenas a Associação Amigos de Bairro do Parque Vivamar se interessou. Tive então a oportunidade de conhecer Sérgio Fragoso e sua incessante luta pela conservação e manutenção do bairro. Fiz as páginas para a Associação e continuei a pensar em outros meios de aumentar o aceso a meu site que já possuía cerca de 500 páginas.
Ocorreu-me então a idéia de procurar a Câmara Municipal de Ubatuba e oferecer aos vereadores, gratuitamente, a confecção de páginas na internet onde cada vereador poderia apresentar à população seus projetos de Lei, verificando necessidades da população e até mesmo apresentando aos demais vereadores um abaixo assinado dos cidadãos que apoiavam o projeto. Elaborei uma carta contendo essa e outras idéias do que poderia ser feito sem qualquer custo e apresentei ao então Secretário da Mesa Diretora Clingel Antônio da Frota. Fui muito bem atendido mas até hoje não recebi qualquer resposta sobre o projeto.
Andando pelas ruas da cidade percebi a quantidade de comércios que existiam no município. Pensei que seria bastante útil se tivéssemos um guia contendo os tipos de comércio e suas localizações. Nesse momento notei a ausência de placas com os nomes das ruas e a grande dificuldade de se localizar endereços pela falta de números nos imóveis. De qualquer modo de nada adianta possuir número na casa se a rua não possui placa com o nome da mesma. Resolvi criar um guia de ruas para a internet onde as ruas seriam apresentadas em ordem alfabética e ao clicar no nome da rua seria apresentado um mapa contendo a rua procurada e as ruas próximas. Ao lado seria apresentada uma visão geral do bairro e a indicação do local da rua procurada. Entrei em contato com o proprietário de um dos guias em papel de Ubatuba e solicitei autorização para a utilização de seus mapas. Obtida a autorização iniciei o trabalho de separar em mais de 255 mini mapas o mapa geral da região central de Ubatuba. Nas horas vagas tomava banho de mar na Praia do Tenório, na Vermelhinha ou simplesmente andava pelo morro onde resido. Em uma dessas caminhadas descobri que um vizinho meu (juiz de Direito e atualmente desembargador), em um ato de profunda benevolência, havia resolvido compartilhar seus dejetos, de seus hóspedes e familiares com os banhistas da praia do Tenório, ou seja, o esgoto proveniente de sua residência era jogado na área verde defronte a seu imóvel e escorria até as águas da praia do Tenório. Adivinhem como eu fiquei satisfeito em saber que havia algo mais nas belas águas do Tenório e que as águas mornas da mesma não necessariamente existiam em função de alguma corrente marítima?
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